SAFs em campo, dados nos bastidores: o jogo mudou para os clubes de futebol
O movimento de bilhões pelo futebol enfrenta desafios profundos na gestão. Escândalos de corrupção, má administração e falta de transparência com investidores e torcedores desgastaram a reputação de muitos clubes no Brasil e no mundo. Com o avanço da profissionalização e o crescimento de investimentos privados — como os clubes-empresa e SAFs — a pressão por governança, compliance e decisões embasadas em dados está cada vez mais forte.
Neste contexto, tecnologias de automação e análise inteligente podem ser aliadas estratégicas.
Veja como os clubes de futebol podem fortalecer a sua gestão e atrair novos investimentos com uma abordagem orientada por dados e compliance.
1. Due diligence e background check para fornecedores e colaboradores
Do roupeiro ao executivo, da empresa de segurança ao fornecedor de gramado sintético — todos fazem parte da cadeia de confiança de um clube. Uma análise profunda de antecedentes, vínculos societários e riscos reputacionais pode evitar escândalos e garantir contratações seguras.
A importância dessa etapa já foi destacada por relatórios como o Play the Game e a Transparency International. Além disso, a Lei das SAFs (Lei 14.193/2021) exige maior rigor na gestão e prestação de contas de clubes transformados em empresas.
2. Monitoramento contínuo de riscos e mudanças de comportamento
Não basta fazer uma checagem no momento da contratação. O risco é dinâmico. Um colaborador ou fornecedor que hoje é confiável pode se envolver em fraudes, escândalos ou litígios amanhã. Plataformas como a VAAS permitem o monitoramento contínuo de dados públicos e privados, sinalizando alterações de risco em tempo real — o que contribui para a prevenção de crises e a proteção da reputação do clube.
3. Compliance estruturado para atrair investidores
Os clubes que desejam captar investimentos ou se transformar em SAF precisam demonstrar governança sólida, controles internos eficientes e processos transparentes. Isso inclui políticas claras de integridade, registro de decisões e trilhas de auditoria. Uma estrutura robusta de compliance aumenta a confiança do mercado e facilita o acesso a capital.
Como mostra o relatório “Governança dos Clubes de Futebol no Brasil” da FGV Direito Rio, a adoção de boas práticas de integridade está diretamente relacionada à sustentabilidade financeira no médio e longo prazo.
4. Tomada de decisão embasada em dados
A gestão de um clube não se limita ao campo. Contratos com fornecedores, estratégias de engajamento com torcedores e acordos comerciais exigem inteligência de dados. Com a automação de fluxos e o cruzamento de bases públicas e privadas, os clubes podem tomar decisões mais rápidas, seguras e alinhadas aos seus objetivos estratégicos.
Por exemplo, o uso de Inteligência Artificial já é comum em áreas como performance esportiva e análise de atletas. Agora, essas mesmas tecnologias podem (e devem) ser aplicadas à governança e gestão corporativa dos clubes.
5. Conformidade com reguladores e auditorias externas
A relação dos clubes com órgãos como Receita Federal, Ministério do Trabalho, CBF, FIFA e auditores independentes exige organização e rastreabilidade. Ao estruturar fluxos de validação de documentos, contratos e indicadores de risco em uma única plataforma, é possível atender exigências legais com mais agilidade e menos erros humanos.
6. Prevenção de conflitos de interesse e integridade nas apostas esportivas
Com a explosão do mercado de apostas esportivas (iGaming) no Brasil, cresce também a responsabilidade dos clubes em evitar conflitos de interesse e garantir a integridade das competições. A legislação atual (Lei 13.756/2018, com regulamentações em curso pelo Ministério da Fazenda) proíbe que atletas, dirigentes e demais envolvidos em competições esportivas realizem apostas nos jogos em que participam — direta ou indiretamente.
Mas o desafio vai além do controle individual: é preciso identificar vínculos desportivos e familiares entre CPFs ligados a apostas e membros de clubes de futebol. Por exemplo, se um jogador, técnico ou diretor de um clube tem parentesco direto com alguém que aposta regularmente nos jogos do seu time, isso pode configurar risco de manipulação ou uso privilegiado de informação.
O futuro do futebol é mais profissional, transparente e orientado por dados.
Com soluções de automação e inteligência artificial como a VAAS, clubes podem ir além da paixão e transformar sua gestão em vitórias agora.